A gestão da saúde pública no Brasil enfrenta desafios constantes: orçamentos limitados, aumento da demanda por serviços, escassez de profissionais e infraestrutura precária. Com a população crescendo e o perfil epidemiológico se tornando cada vez mais complexo, encontrar maneiras de otimizar recursos sem comprometer a qualidade do atendimento é uma necessidade urgente.
Neste contexto, a tecnologia surge como uma aliada estratégica para modernizar o sistema, aumentar a eficiência operacional e, principalmente, reduzir custos na gestão da saúde pública. A seguir, exploramos como diferentes soluções tecnológicas podem apoiar gestores na construção de um SUS mais eficiente, econômico e resolutivo.
1. Automação de processos administrativos
A substituição de prontuários em papel por registros eletrônicos é um dos primeiros passos rumo à eficiência. Com sistemas de gestão integrados (ERP de saúde), todas as unidades de saúde e níveis de atenção conseguem:
- Reduzir erros de digitação e perda de informações;
- Melhorar o fluxo de dados entre diferentes níveis de atenção;
- Automatizar processos como agendamento, controle de estoque e emissão de relatórios.
Além disso, a automatização de processos administrativos também impacta diretamente a jornada do paciente e a eficiência do sistema como um todo. Um dos maiores problemas enfrentados pelo SUS é o absenteísmo, ou seja, o não comparecimento do usuário a consultas e exames previamente agendados, muitas vezes sem qualquer aviso.
Esse acontecimento, além de ser crônico, gera prejuízos milionários para o sistema público. Um estudo realizado na Região Metropolitana do Espírito Santo (RSM-ES) apontou que entre 2014 e 2016, 38,6% das consultas especializadas e 32,1% dos exames não foram realizados por ausência dos pacientes. O desperdício estimado foi de R$ 18,5 milhões em apenas dois anos, considerando a Tabela SUS e valores complementares de convênios.
As causas são diversas: esquecimento, falhas de comunicação, melhora dos sintomas, incompatibilidade de horários, falta de transporte, entre outras. As consequências são muitas, como fila de espera maior, perda de produtividade das equipes de saúde, ociosidade nos centros de atendimento, aumento das demandas por urgência e atraso no diagnóstico e tratamento adequado.
Com a tecnologia, esse cenário pode ser revertido. Ferramentas simples, como o envio automático de lembretes via SMS ou WhatsApp, confirmação digital de presença e possibilidade de cancelamento com um clique, já demonstram grande impacto na redução do absenteísmo. Além disso, é possível identificar padrões de faltas e agir preventivamente, remanejando vagas e otimizando a oferta real dos serviços.
Em outras palavras, a digitalização do agendamento e da comunicação com o paciente não apenas aumenta a eficiência administrativa, mas preserva recursos financeiros e melhora o acesso para quem realmente precisa.
Essas melhorias não apenas economizam tempo e papel, mas também reduzem retrabalho e desperdício de recursos públicos.
2. Telemedicina e atendimento remoto
A telemedicina revolucionou o acesso ao cuidado, especialmente em municípios com carência de médicos especialistas. Consultas por videoconferência evitam deslocamentos desnecessários de pacientes e profissionais, o que representa uma economia significativa com:
- Transporte (especialmente em regiões remotas);
- Custo com horas extras ou diárias para médicos itinerantes
- Atendimento em nível primário que evita urgências e internações.
Além disso, a resolutividade da telemedicina reduz o fluxo desnecessário em hospitais, liberando leitos e otimizando a gestão da rede.
3. Integração de sistemas e interoperabilidade
Quando as unidades de saúde de um município (ou estado) trabalham com sistemas desconectados, as informações dos pacientes se perdem ao longo da jornada de atendimento. Isso acaba gerando repetição de exames, retrabalho, atrasos de diagnóstico e desperdício de insumos e tempo.
A integração de sistemas, por meio de plataformas interoperáveis e prontuários eletrônicos compartilhados, permite:
- Visualização completa do histórico do paciente;
- Redução de exames duplicados;
- Encaminhamentos mais ágeis e apropriados entre UBS, ambulatórios e hospitais.
Mas os benefícios vão muito além da eficiência operacional. A integração de dados também traz mais segurança e continuidade ao cuidado. Quando toda a equipe de saúde tem acesso às mesmas informações, a tomada de decisão se torna mais precisa, e os riscos de erros ou danos causados por intervenções médicas caem consideravelmente.
A jornada do paciente se torna fluida, transparente e conectada, evitando que ele “se perca” na rede, tenha que repetir informações a cada atendimento ou fique sem continuidade no tratamento.
Farmácias públicas também se beneficiam diretamente desse modelo. Com o acesso a prescrições digitais integradas e rastreáveis, é possível melhorar o controle de estoque, evitar fraudes, reduzir desperdícios e garantir que os medicamentos cheguem a quem realmente precisa. Além disso, evita-se o uso de receitas ilegíveis ou vencidas, outro problema recorrente em sistemas analógicos.
Essa fluidez digital transforma o atendimento em rede, onde há menos tempo perdido, mais segurança clínica, melhor uso dos recursos públicos e, principalmente, mais confiança e resolutividade para o paciente, que se sente verdadeiramente acolhido por um sistema que conversa entre si.
4. Inteligência Artificial (IA) e análise preditiva
A Inteligência Artificial (IA) tem sido uma das maiores aliadas da saúde pública na busca por mais eficiência, economia e resolutividade, transformando a forma como os municípios organizam seus atendimentos e gerenciam os recursos de saúde.
Com a ajuda de IA e big data, é possível prever surtos de doenças, antecipar a demanda por leitos e medicamentos, e planejar campanhas de prevenção com mais precisão. A análise preditiva também pode:
- Prever surtos de doenças com base em padrões epidemiológicos;
- Antecipar demanda por leitos, medicamentos e exames;
- Planejar ações preventivas com mais assertividade, reduzindo gastos com intervenções de última hora;
- Identificar pacientes de risco para acompanhamento contínuo, evitando complicações e internações.
Na prática, a TopMed já utiliza inteligência artificial em diferentes municípios para organizar as portas de entrada da rede de saúde pública. Com base em protocolos clínicos validados, a triagem digital com IA é capaz de entender os sintomas do paciente, analisar urgência e gravidade, e encaminhá-lo para o nível de atenção mais adequado:
- Vai para a UPA apenas quem realmente precisa de atendimento de urgência;
- Situações eletivas ou não urgentes são encaminhadas para a UBS, dentro da capacidade de agendamento local;
- E em muitos casos, quando a IA identifica que a situação pode ser resolvida de forma remota, o paciente é direcionado automaticamente para a telemedicina, economizando deslocamento, recursos e tempo de espera.
Esse sistema de triagem e regulação digital não só reduz a superlotação de unidades como UPAs e hospitais, mas também evita que pacientes vulneráveis enfrentem longas esperas ou sejam encaminhados para lugares errados, atrasando diagnósticos e tratamentos.
Ao utilizar IA na gestão pública, o atendimento torna-se mais ágil, direcionado e estratégico. Os recursos são aplicados com mais inteligência e os pacientes ganham mais agilidade, segurança e conforto.
A TopMed tem se destacado como pioneira nesse modelo de cuidado digital estruturado, oferecendo aos municípios uma forma prática e segura de transformar a jornada de atendimento, com mais resolutividade e menor custo por paciente atendido.
5. Monitoramento remoto e acompanhamento de crônicos
Pacientes com hipertensão, diabetes e outras doenças crônicas representam boa parte dos custos no sistema de saúde. Com dispositivos que permitem monitorar sinais vitais à distância, esses pacientes podem ser acompanhados de forma mais eficaz e com menor custo. Esse modelo:
- Reduz hospitalizações de urgência;
- Diminui os deslocamentos até UBS ou hospitais;
- Aumenta a adesão ao tratamento.
Considerações finais
Investir em tecnologia na saúde pública é muito mais do que modernizar sistemas: é garantir um cuidado mais eficiente, acessível e sustentável para milhões de brasileiros que dependem do SUS.
Sabemos que a digitalização da saúde no Brasil já é uma pauta prioritária do Ministério da Saúde, que tem conduzido importantes iniciativas para fortalecer a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), ampliar o uso do Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) e consolidar o uso da telemedicina como política pública, conforme previsto na Portaria nº 1.348/2022.
Essas ações têm gerado avanços significativos, mas o desafio da escala é enorme. E, nesse cenário, a colaboração entre o setor público e empresas privadas especializadas em saúde digital se mostra cada vez mais estratégica.
Empresas com tecnologia consolidada, infraestrutura testada e capacidade de escalar soluções rapidamente, como a TopMed, podem ser aliadas fundamentais do Ministério da Saúde, dos estados e dos municípios na aceleração da transformação digital do SUS.
São milhares de atendimentos já realizados, protocolos clínicos estruturados, uso de inteligência artificial validada e integração real com sistemas como o e-SUS e o ConecteSUS. Esses cases de sucesso já aplicados em contextos complexos, como nos serviços de saúde no sistema prisional, redes municipais e programas de saúde mental, como no caso de Ribeirão Preto, mostram que a tecnologia é viável, acessível e resolutiva.
Ao fomentar um ambiente de parceria, inovação e compartilhamento de experiências, o Brasil pode avançar muito mais rapidamente rumo a um SUS digital, inteligente e centrado no cidadão.
A TopMed acredita que um SUS mais inteligente e conectado é possível. Através de soluções digitais personalizadas para o setor público, apoiamos prefeituras e estados em todo o país a inovar com responsabilidade, foco em resultados e impacto social positivo.